Governo Lula insiste em adotar tom de embate com EUA e volta a dizer que soberania é inegociável
O governo brasileiro afirmou neste domingo (27) que continua disposto a negociar com os Estados Unidos a respeito do tarifaço de 50% que atinge exportações do Brasil, mas ressaltou que a “soberania nacional e o Estado democrático de Direito são inegociáveis”. A declaração foi feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Em nota oficial, o órgão informou que as conversas com os EUA seguem orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com base em “diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”. O texto ressalta que Brasil e Estados Unidos mantêm uma “relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos” e que a expectativa do governo é preservar essa parceria.
A manifestação do MDIC ocorreu após o presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), confirmar que as novas tarifas de importação começam a valer em 1º de agosto. “O 1º de agosto é para todos. Todos os acordos começam em 1º de agosto”, declarou o republicano ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante entrevista na Escócia.
Apesar do discurso institucional de abertura ao diálogo, as declarações recentes de Lula e de membros do governo têm dificultado uma aproximação de alto nível com Washington. O petista não solicitou nenhuma reunião direta com Trump desde o início do novo mandato do republicano, em janeiro, e já chegou a dizer que “não teria assunto” para tratar com o norte-americano, a quem acusou em 2024 de representar uma nova versão do “fascismo e nazismo”.
Na última semana, Lula adotou uma retórica agressiva ao se referir ao impasse. Disse que, se Trump estava “trucando”, o Brasil pediria “seis” — em alusão ao jogo de cartas truco. O presidente também afirmou que o vice, Geraldo Alckmin, tenta negociar todos os dias: “Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto […] você vai saber a verdade sobre o Brasil, e vai falar: ‘Lula, eu não vou mais taxar o Brasil’”.
Nos bastidores diplomáticos, a percepção é de que não houve esforço real por parte do governo brasileiro para abrir canais formais com a Casa Branca. O chanceler Mauro Vieira relatou que não foi recebido pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, até o momento.
Outro fator que contribui para a deterioração do ambiente diplomático são as decisões recentes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Medidas como a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a proibição de entrevistas com conteúdo replicável nas redes sociais e a ordem de remoção do deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ) da Praça dos Três Poderes são vistas com preocupação nos Estados Unidos, por afrontarem princípios de liberdade de expressão considerados basilares no país.
Na avaliação de analistas em Washington, esse conjunto de pontos negativos, somado à ausência de canais diretos de negociação, torna improvável uma reversão das tarifas no curto prazo. A situação é agravada pela desconfiança em relação ao compromisso do Brasil com valores democráticos, segundo relatos diplomáticos.
Informações do Conexão Política / Foto: ABr
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